Maquiavel(A verdadeira história do Filósofo Moderno)


Maquiavel foi um filósofo moderno, que escrevia política pautada na ética e na defesa do povo. Entretanto por uma falha de conhecimento e de interpretação, Maquiavel foi considerado como o teórico do poder a qualquer custo. O técnico do “cinismo e do oportunismo” mencionava que os príncipes deveriam conquistar o apoio do povo e cumprir radicalmente os compromissos assumidos. O príncipe, a obra mais famosa de Maquiavel, formulou uma democracia que ainda não tinha chegado (O que é democracia, senão governar com o apoio do povo?). “ A Democracia, levada a sério, exige um príncipe como aquele que Maquiavel formulou, mas diferente daqueles em que os poderosos se transformaram. O que ocorreu é que os príncipes tomaram as sugestões do acessor, mudaram o comportamento de distanciamento do povo, emaciparam-se da prisão dogmática, mas em vez de uma nova ética, de se aproximarem dos desejos do povo, continuaram com seus mesmos interesses, apenas dando a impressão de mudança”(Sérgio Buarque).
No capítulo IX do Príncipe(O governo civil), Maquiavel deixa bem claro que em todas as cidades podemos encontrar duas facções antagônicas: O povo e os grandes. Os primeiros desejam apenas evitar a opressão, já os segundos desejam oprimir e transformar o seu poder potencial em poder de comando.
Quando os ricos percebem que não podem resistir à pressão da massa, unem-se prestigiando um dos seus e fazendo-o príncipe, de modo a poder perseguir seus propósitos à sombra da autoridade soberana. O povo, por outro lado, quando não pode resistir aos ricos, procura exaltar e criar um príncipe dentre os seus que o proteja com sua autoridade. Quem chega ao poder com a ajuda dos ricos tem maior dificuldade em manter-se no governo do quem é apoiado pelo povo, pois está rodeado de indivíduos que parecem a ele se igualar, e não pode assim dirigi-los ou ordenar tudo o que lhe apraz.
Quem se apóia na força popular governa por si só. Poucos se dispõe a contestá-la. Entretanto, quem se apóia na nobreza, precisa oprimir o povo para satisfazê-la. Pior do que ser desertado pelo povo, e ser desertado pela nobreza, porque esta além e declarar a deserção também declara a oposição ativa.
A palavra príncipe não tem o significado que hoje lhe é atribuído, ou seja, o filho de um monarca. Príncipe na obra de Maquiavel é o principal cidadão do estado, de acordo com o sentido que o vocábulo tinha na Roma Antiga. O príncipe não é um tratado teórico, tampouco uma obra especulativa em busca de explicações profundas sobre a natureza dos fenômenos sociais, nem se prende a rígidos critérios científicos. O príncipe é uma obra pratica, com resultados pragmáticos, é o manual para ação com objetivos claros e bem definidos. O que existe de utopia ou ciência nele se encontra em posição subalterna em relação à pratica, à ação, ao resultado perseguido.
O período de transição em que Maquiavel viveu - o mundo saía do escolasticismo, dos dogmas, da dominação de uma moral sistematizada para servir ao poder dos príncipes e dos cardeais, e começava a entrar em um período de ciência, do real, das regras da economia- fez com que ele defendesse uma perspectiva de política e de estado do seu tempo(Maquiavel defendia a centralização do poder na Itália).
O Maquiavel foi criticado pelo o seu rude realismo, e também pelo fato de não fazer concessões às utopias (Como é o caso da República de Thomas Morus). Intrinsecamente moderno Maquiavel critica a ideologia da Igreja católica e expulsa da política a metafísica, e separa radicalmente a cidade de Deus da cidade dos Homens.
No príncipe Maquiavel mostra o poder concreto, tal como este se apresenta nas sociedades e não como deveria se apresentar.
Maquiavel defendia a utilização de todos os meios para se conquistar o fortalecimento, a manutenção e a expansão do estado. Não é correto afirmar que ele exterminou a ética no seu pensamento político, simplesmente, ele transferiu a ética dos meios para os fins.  Já que o fim visado por ele, em última análise, é o fortalecimento do estado.
Maquiavel foi educado no clima humanista do renascimento. O teocentrismo medieval foi substituídos por novos dogmas, que afirmava que o homem era o cerne do mundo e de todas as preocupações. O espírito crítico havia ganhado espaço e se contrapunha a idéia de passividade que havia predominado durante a idade Média. Durante esse período ocorreu uma retomada da antiguidade, os filósofos buscaram suas inspirações nos modelos Gregos e Romanos antigos.
Maquiavel reflete tudo isso; cada passo de sua obra é balizado pelos padrões do seu tempo. O estado Moderno, centralizado, constituía um dos principais fascínios de Maquiavel. O filósofo presenciou a unificação e a centralização do poder de varias nações, todavia a Itália se esbarrava em um obstáculo irremovível: os estados pontifícios, plantados no centro da península, impediam a unificação. “Alguém disse que a Igreja não tinha forças para unificar a Itália sob a sua égide, mas era forte o suficiente para impedir essa unificação”. Esta unidade seria o grande sonho da vida de Maquiavel. É nesse sentido que ele direciona o Príncipe.

                                  A Itália no tempo de Maquiavel
Quando ele nasceu e ao longo de sua vida, a península italiana era um verdadeiro quebra-cabeça político, composto por estados soberanos de dimensões territoriais, regimes políticos e estágios de desenvolvimento diversos. Os principais eram o Reino de Nápoles, controlado pela família Aragão; os Estados pontifícios, nas mãos da igreja; o Estado florentino, há bastante tempo controlado pela família Medici; o Ducado de Milão e a República de Veneza.
Em torno dessas unidades principais gravitavam outros Estados menores que, embora fossem independentes e soberanos, eram subordinados e alinhados pelos mais fortes que garantiam sua sobrevivência. A ausência de um poder centralizador capaz de representar um interesse nacional, acrescedida das rivalidades e dos conflitos internos, tornaria a Itália presa fácil à ambição de outros Estados já constituídos em monarquias e em plena fase de expansão, como é o caso da Espanha e da França.
No final do século XV, um terremoto político havia assolado a Itália. As disputas internas havia chegado no seu ponto culminante. Os condottieri, mercenários contratados pelas famílias burguesas para constituírem seus “braços armados” nas disputas políticas locais e entre estados, rebelavam-se contra seus senhores, chegando em alguns locais a controlar o poder. O espanhol Rodrigo Bórgia transforma-se no papa Alexandre VI,que marcou seu pontificado pela corrupção e pela violência(apesar de Maquiavel ser contra aos dogmas da Igreja católica, no Príncipe, ele reconhece a destreza política do papa). A partir de 1494, sob a liderança de Carlos VIII, os franceses impõe sua presença de norte a sul. Naquele ano, em Florença, Maquiavel assiste à entrada de Carlos VIII e a conseqüente expulsão de Pedro de Medici da cidade.
  A partir de 1494, as presenças constantes dos estrangeiros seriam irreversíveis para a Itália. Conflitos crescentes, constantes e determinantes na península.
Os Médices, os banqueiros mais célebres de Florença, desempenharam um importante papel na atividade administrativa do estado. Com a deposição dos Médices, um pregador fanático assumiu o poder, Girolano Savonarola. A experiência de Savonarola, o profeta desarmado, como Maquiavel o denomina, terminou na fogueira, em 1498.
Após a queda de Savonarola, Maquiavel conquista um cargo publica, iniciando sua carreira política. Após o expurgo, ele conseguiu cargo de secretário da Segunda Chancelaria do governo florentino
No Discurso Sobre a primeira Década de Tito Lívio, Maquiavel se mostrava em um republicano convicto, não obstante no Príncipe, Maquiavel se mostrou um defensor da monarquia. Quem analisar essas duas obras perceberá que existe um conceito em comum: A defesa do povo. Maquiavel mostrou que tanto a república, como as monarquias são formas viáveis de governo. O modelo a ser empregada, depende das circunstâncias, das necessidades de cada estado. Se for viável optar pela monarquia, que optemos; agora se for mais viável adotar a republica, que adotemos. Na Itália, no momento em que ele escreveu, a monarquia absolutista era a forma mais adequada. Isso mostra o caráter pragmático do seu pensamento político. Maquiavel trata o poder como o desejo número um dos seres humanos e a necessidade mais premente de toda organização social. Porque, conforme já ficou registrado, sem o poder a sociedade não se mantém e nem se reproduz.
                                           Virtú e Fortuna
Virtú e fortuna são dois elementos básicos para a conservação e conquista do poder. Até hoje esses termos causam controvérsias, mas analisando a obra de Maquiavel, percebemos que Virtú seria a capacidade, a energia, a eficácia, o empenho, a vontade dirigida para o império; já fortuna é sorte, que pode ser boa ou má, é o acaso, são as circunstancias, as fatalidades; enfim, a oportunidade.
 Virtú é a qualidade do homem que o capacita a realizar grandes obras e feitos. É o poder humano de efetuar mudanças e controlar eventos. O príncipe que possui virtú enfrenta a fortuna, o acaso, o curso da história, o destino cego, o fatalismo. A combinação da virtude e da sorte decide o destino político.
A combinação da Virtú e da sorte decide seu destino político. A combinação da oportunidade com qualidades é essencial: sem aquela, nenhum político pode mostrar o seu valor. E sem o político ter a virtude, as oportunidades foram em vão.
O príncipe pode agir com múltiplas personalidades, dependendo da circunstância (violência, piedade, cautela, impetuosidade), e nunca deve manter a palavra dada, principalmente quando os motivos e as razões deixam de existir. Para um príncipe, atingir o sucesso, deve agir com múltiplas personalidades e precisa saber se adequar as circunstancias.
Entre o ímpeto e a cautela, Maquiavel recomendaria o ímpeto nos momentos decisivos.
Porque a fortuna é mulher e conseqüentemente se torna necessário, querendo dominá-la, bater-lhe e contrariá-la; e ela se deixa mais facilmente vencer por estes do que por aqueles que procedem friamente”. Por isso, que a sorte como mulher  sempre é amiga dos jovens, já que estes são mais afoitos e menos cautelosos e com maior facilidade as dominam”.
                              A concepção de Maquiavel sobre a natureza Humana 
Um dos fundamentos da teoria de Maquiavel é a crença da regularidade do comportamento humano. Os homens não se alteram com os tempos, o que faz com que tudo o que aconteceu no passado encontre correspondência no presente e, conseqüentemente, no futuro:
Quem quer ver aquilo que será, considere aquilo que foi; porque todas as coisas do mundo, em todos os tempo, sempre têm a própria correspondência com os tempos antigos. O que ocorre porque, sendo aquelas realizadas pelos homens, que têm e tiveram sempre as mesmas paixões, convém necessariamente que surtam o mesmo efeito. Assim, dentre as paixões e a de maiores conseqüências políticas é a ambição: o desejo natural pela conquista, pela riqueza, pelo prestigio, pelo glória (o homem já nasce com uma certa dose de disposição para essas coisas). Para Maquiavel o homem é um ser passional e, é justamente essas paixões que movem as coisas dos mundo. Se o homem sempre agisse pautado na razão, e controlasse suas paixões, provavelmente, não existiria instabilidade nas coisas do mundo.
As paixões não controlam, mas agem; o controle é dado pela virtú e pela prudência. Porém não são as paixões as únicas que geram a Historia; Maquiavel afirma que os homens não governam inteiramente as coisas do mundo e que metade está em seu poder e a outra metade nas mãos de Deus ou da fortuna, de qualquer forma, fora de seu controle. As paixões humanas e a fortuna provocam instabilidade no mundo.
Entretanto, os homens não se resumem apenas às suas paixões e é preciso fazer uma distinção entre a idéia de paixões humanas e a de controle humano. A única forma de controlar as paixões humanas é estabelecendo a virtú, é submetendo os homens ao controle das leis. Maquiavel considera que os homens, por si mesmos, são maus. Este não é um pensamento original de Maquiavel, é uma idéia corrente em seu tempo, que levaria Hobbes, um pouco mais tarde, a falar da sociedade como a “luta de todos contra todos” e a definir o homem como “o lobo do homem”.
Se os homens são maus por natureza, a única salvação para a sociedade é um Estado centralizado, simbolizado por um governo forte, capaz de tudo pela glória, pela vitória.
                                        Maquiavel e História
  Nicolau Maquiavel teve uma grande importância para a legitimação da história, principalmente quando ele afirmou que as situações se repetem e que a história é o único caminho viável para tornar um conhecimento válido.
Muitos historiadores contemporâneas são partidários dessa idéia de que, o  conhecimento do acontecido é uma referência para o atual,  entretanto essa idéia já era legitimada pelo filósofo. Maquiavel mostrou que aqueles têm o conhecimento do passado, acaba não perpetrando os mesmo erros, e isso prova a correspondência que existe entre passado e presente.
No príncipe Maquiavel colocou sua experiência política e seu conhecimento do passado clássico.
A vida prática, a conduta dos grandes homens, as situações experimentadas e vividas, são as principais fontes de inspiração para Maquiavel. Atraído pela busca da “verdade efetiva”, ele estuda a história seguindo a crença de que ao longo do tempo as situações se repetem.
Portanto, quem quiser ter êxito na política deve conhecer as coisas do passado, os exemplos dos grandes personagens e aproveitar ao máximo essa fonte de ensinamento. Ele chega a dizer, no livro I dos discursos, que aquele que estudar cuidadosamente o passado pode prever os acontecimentos que se produzirão no futuro.



Maquiavel foi um filósofo moderno, que escrevia política pautada na ética e na defesa do povo. Entretanto por uma falha de conhecimento e de interpretação, Maquiavel foi considerado como o teórico do poder a qualquer custo. O técnico do “cinismo e do oportunismo” mencionava que os príncipes deveriam conquistar o apoio do povo e cumprir radicalmente os compromissos assumidos. O príncipe, a obra mais famosa de Maquiavel, formulou uma democracia que ainda não tinha chegado (O que é democracia, senão governar com o apoio do povo?). “ A Democracia, levada a sério, exige um príncipe como aquele que Maquiavel formulou, mas diferente daqueles em que os poderosos se transformaram. O que ocorreu é que os príncipes tomaram as sugestões do acessor, mudaram o comportamento de distanciamento do povo, emaciparam-se da prisão dogmática, mas em vez de uma nova ética, de se aproximarem dos desejos do povo, continuaram com seus mesmos interesses, apenas dando a impressão de mudança”(Sérgio Buarque).
No capítulo IX do Príncipe(O governo civil), Maquiavel deixa bem claro que em todas as cidades podemos encontrar duas facções antagônicas: O povo e os grandes. Os primeiros desejam apenas evitar a opressão, já os segundos desejam oprimir e transformar o seu poder potencial em poder de comando.
Quando os ricos percebem que não podem resistir à pressão da massa, unem-se prestigiando um dos seus e fazendo-o príncipe, de modo a poder perseguir seus propósitos à sombra da autoridade soberana. O povo, por outro lado, quando não pode resistir aos ricos, procura exaltar e criar um príncipe dentre os seus que o proteja com sua autoridade. Quem chega ao poder com a ajuda dos ricos tem maior dificuldade em manter-se no governo do quem é apoiado pelo povo, pois está rodeado de indivíduos que parecem a ele se igualar, e não pode assim dirigi-los ou ordenar tudo o que lhe apraz.
Quem se apóia na força popular governa por si só. Poucos se dispõe a contestá-la. Entretanto, quem se apóia na nobreza, precisa oprimir o povo para satisfazê-la. Pior do que ser desertado pelo povo, e ser desertado pela nobreza, porque esta além e declarar a deserção também declara a oposição ativa.
A palavra príncipe não tem o significado que hoje lhe é atribuído, ou seja, o filho de um monarca. Príncipe na obra de Maquiavel é o principal cidadão do estado, de acordo com o sentido que o vocábulo tinha na Roma Antiga. O príncipe não é um tratado teórico, tampouco uma obra especulativa em busca de explicações profundas sobre a natureza dos fenômenos sociais, nem se prende a rígidos critérios científicos. O príncipe é uma obra pratica, com resultados pragmáticos, é o manual para ação com objetivos claros e bem definidos. O que existe de utopia ou ciência nele se encontra em posição subalterna em relação à pratica, à ação, ao resultado perseguido.
O período de transição em que Maquiavel viveu - o mundo saía do escolasticismo, dos dogmas, da dominação de uma moral sistematizada para servir ao poder dos príncipes e dos cardeais, e começava a entrar em um período de ciência, do real, das regras da economia- fez com que ele defendesse uma perspectiva de política e de estado do seu tempo(Maquiavel defendia a centralização do poder na Itália).
O Maquiavel foi criticado pelo o seu rude realismo, e também pelo fato de não fazer concessões às utopias (Como é o caso da República de Thomas Morus). Intrinsecamente moderno Maquiavel critica a ideologia da Igreja católica e expulsa da política a metafísica, e separa radicalmente a cidade de Deus da cidade dos Homens.
No príncipe Maquiavel mostra o poder concreto, tal como este se apresenta nas sociedades e não como deveria se apresentar.
Maquiavel defendia a utilização de todos os meios para se conquistar o fortalecimento, a manutenção e a expansão do estado. Não é correto afirmar que ele exterminou a ética no seu pensamento político, simplesmente, ele transferiu a ética dos meios para os fins.  Já que o fim visado por ele, em última análise, é o fortalecimento do estado.
Maquiavel foi educado no clima humanista do renascimento. O teocentrismo medieval foi substituídos por novos dogmas, que afirmava que o homem era o cerne do mundo e de todas as preocupações. O espírito crítico havia ganhado espaço e se contrapunha a idéia de passividade que havia predominado durante a idade Média. Durante esse período ocorreu uma retomada da antiguidade, os filósofos buscaram suas inspirações nos modelos Gregos e Romanos antigos.
Maquiavel reflete tudo isso; cada passo de sua obra é balizado pelos padrões do seu tempo. O estado Moderno, centralizado, constituía um dos principais fascínios de Maquiavel. O filósofo presenciou a unificação e a centralização do poder de varias nações, todavia a Itália se esbarrava em um obstáculo irremovível: os estados pontifícios, plantados no centro da península, impediam a unificação. “Alguém disse que a Igreja não tinha forças para unificar a Itália sob a sua égide, mas era forte o suficiente para impedir essa unificação”. Esta unidade seria o grande sonho da vida de Maquiavel. É nesse sentido que ele direciona o Príncipe.

                                  A Itália no tempo de Maquiavel
Quando ele nasceu e ao longo de sua vida, a península italiana era um verdadeiro quebra-cabeça político, composto por estados soberanos de dimensões territoriais, regimes políticos e estágios de desenvolvimento diversos. Os principais eram o Reino de Nápoles, controlado pela família Aragão; os Estados pontifícios, nas mãos da igreja; o Estado florentino, há bastante tempo controlado pela família Medici; o Ducado de Milão e a República de Veneza.
Em torno dessas unidades principais gravitavam outros Estados menores que, embora fossem independentes e soberanos, eram subordinados e alinhados pelos mais fortes que garantiam sua sobrevivência. A ausência de um poder centralizador capaz de representar um interesse nacional, acrescedida das rivalidades e dos conflitos internos, tornaria a Itália presa fácil à ambição de outros Estados já constituídos em monarquias e em plena fase de expansão, como é o caso da Espanha e da França.
No final do século XV, um terremoto político havia assolado a Itália. As disputas internas havia chegado no seu ponto culminante. Os condottieri, mercenários contratados pelas famílias burguesas para constituírem seus “braços armados” nas disputas políticas locais e entre estados, rebelavam-se contra seus senhores, chegando em alguns locais a controlar o poder. O espanhol Rodrigo Bórgia transforma-se no papa Alexandre VI,que marcou seu pontificado pela corrupção e pela violência(apesar de Maquiavel ser contra aos dogmas da Igreja católica, no Príncipe, ele reconhece a destreza política do papa). A partir de 1494, sob a liderança de Carlos VIII, os franceses impõe sua presença de norte a sul. Naquele ano, em Florença, Maquiavel assiste à entrada de Carlos VIII e a conseqüente expulsão de Pedro de Medici da cidade.
  A partir de 1494, as presenças constantes dos estrangeiros seriam irreversíveis para a Itália. Conflitos crescentes, constantes e determinantes na península.
Os Médices, os banqueiros mais célebres de Florença, desempenharam um importante papel na atividade administrativa do estado. Com a deposição dos Médices, um pregador fanático assumiu o poder, Girolano Savonarola. A experiência de Savonarola, o profeta desarmado, como Maquiavel o denomina, terminou na fogueira, em 1498.
Após a queda de Savonarola, Maquiavel conquista um cargo publica, iniciando sua carreira política. Após o expurgo, ele conseguiu cargo de secretário da Segunda Chancelaria do governo florentino
No Discurso Sobre a primeira Década de Tito Lívio, Maquiavel se mostrava em um republicano convicto, não obstante no Príncipe, Maquiavel se mostrou um defensor da monarquia. Quem analisar essas duas obras perceberá que existe um conceito em comum: A defesa do povo. Maquiavel mostrou que tanto a república, como as monarquias são formas viáveis de governo. O modelo a ser empregada, depende das circunstâncias, das necessidades de cada estado. Se for viável optar pela monarquia, que optemos; agora se for mais viável adotar a republica, que adotemos. Na Itália, no momento em que ele escreveu, a monarquia absolutista era a forma mais adequada. Isso mostra o caráter pragmático do seu pensamento político. Maquiavel trata o poder como o desejo número um dos seres humanos e a necessidade mais premente de toda organização social. Porque, conforme já ficou registrado, sem o poder a sociedade não se mantém e nem se reproduz.
                                           Virtú e Fortuna
Virtú e fortuna são dois elementos básicos para a conservação e conquista do poder. Até hoje esses termos causam controvérsias, mas analisando a obra de Maquiavel, percebemos que Virtú seria a capacidade, a energia, a eficácia, o empenho, a vontade dirigida para o império; já fortuna é sorte, que pode ser boa ou má, é o acaso, são as circunstancias, as fatalidades; enfim, a oportunidade.
 Virtú é a qualidade do homem que o capacita a realizar grandes obras e feitos. É o poder humano de efetuar mudanças e controlar eventos. O príncipe que possui virtú enfrenta a fortuna, o acaso, o curso da história, o destino cego, o fatalismo. A combinação da virtude e da sorte decide o destino político.
A combinação da Virtú e da sorte decide seu destino político. A combinação da oportunidade com qualidades é essencial: sem aquela, nenhum político pode mostrar o seu valor. E sem o político ter a virtude, as oportunidades foram em vão.
O príncipe pode agir com múltiplas personalidades, dependendo da circunstância (violência, piedade, cautela, impetuosidade), e nunca deve manter a palavra dada, principalmente quando os motivos e as razões deixam de existir. Para um príncipe, atingir o sucesso, deve agir com múltiplas personalidades e precisa saber se adequar as circunstancias.
Entre o ímpeto e a cautela, Maquiavel recomendaria o ímpeto nos momentos decisivos.
Porque a fortuna é mulher e conseqüentemente se torna necessário, querendo dominá-la, bater-lhe e contrariá-la; e ela se deixa mais facilmente vencer por estes do que por aqueles que procedem friamente”. Por isso, que a sorte como mulher  sempre é amiga dos jovens, já que estes são mais afoitos e menos cautelosos e com maior facilidade as dominam”.
                              A concepção de Maquiavel sobre a natureza Humana 
Um dos fundamentos da teoria de Maquiavel é a crença da regularidade do comportamento humano. Os homens não se alteram com os tempos, o que faz com que tudo o que aconteceu no passado encontre correspondência no presente e, conseqüentemente, no futuro:
Quem quer ver aquilo que será, considere aquilo que foi; porque todas as coisas do mundo, em todos os tempo, sempre têm a própria correspondência com os tempos antigos. O que ocorre porque, sendo aquelas realizadas pelos homens, que têm e tiveram sempre as mesmas paixões, convém necessariamente que surtam o mesmo efeito. Assim, dentre as paixões e a de maiores conseqüências políticas é a ambição: o desejo natural pela conquista, pela riqueza, pelo prestigio, pelo glória (o homem já nasce com uma certa dose de disposição para essas coisas). Para Maquiavel o homem é um ser passional e, é justamente essas paixões que movem as coisas dos mundo. Se o homem sempre agisse pautado na razão, e controlasse suas paixões, provavelmente, não existiria instabilidade nas coisas do mundo.
As paixões não controlam, mas agem; o controle é dado pela virtú e pela prudência. Porém não são as paixões as únicas que geram a Historia; Maquiavel afirma que os homens não governam inteiramente as coisas do mundo e que metade está em seu poder e a outra metade nas mãos de Deus ou da fortuna, de qualquer forma, fora de seu controle. As paixões humanas e a fortuna provocam instabilidade no mundo.
Entretanto, os homens não se resumem apenas às suas paixões e é preciso fazer uma distinção entre a idéia de paixões humanas e a de controle humano. A única forma de controlar as paixões humanas é estabelecendo a virtú, é submetendo os homens ao controle das leis. Maquiavel considera que os homens, por si mesmos, são maus. Este não é um pensamento original de Maquiavel, é uma idéia corrente em seu tempo, que levaria Hobbes, um pouco mais tarde, a falar da sociedade como a “luta de todos contra todos” e a definir o homem como “o lobo do homem”.
Se os homens são maus por natureza, a única salvação para a sociedade é um Estado centralizado, simbolizado por um governo forte, capaz de tudo pela glória, pela vitória.
                                        Maquiavel e História
  Nicolau Maquiavel teve uma grande importância para a legitimação da história, principalmente quando ele afirmou que as situações se repetem e que a história é o único caminho viável para tornar um conhecimento válido.
Muitos historiadores contemporâneas são partidários dessa idéia de que, o  conhecimento do acontecido é uma referência para o atual,  entretanto essa idéia já era legitimada pelo filósofo. Maquiavel mostrou que aqueles têm o conhecimento do passado, acaba não perpetrando os mesmo erros, e isso prova a correspondência que existe entre passado e presente.
No príncipe Maquiavel colocou sua experiência política e seu conhecimento do passado clássico.
A vida prática, a conduta dos grandes homens, as situações experimentadas e vividas, são as principais fontes de inspiração para Maquiavel. Atraído pela busca da “verdade efetiva”, ele estuda a história seguindo a crença de que ao longo do tempo as situações se repetem.
Portanto, quem quiser ter êxito na política deve conhecer as coisas do passado, os exemplos dos grandes personagens e aproveitar ao máximo essa fonte de ensinamento. Ele chega a dizer, no livro I dos discursos, que aquele que estudar cuidadosamente o passado pode prever os acontecimentos que se produzirão no futuro.


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